No segundo dia da greve dos professores do DF, o tema dominou discursos dos parlamentares da Câmara Legislativa em sessão ordinária nesta terça-feira (3). Distritais de oposição defenderam que o Poder Legislativo não vote projetos encaminhados pelo Executivo enquanto durar a greve.
“Acho que esta Casa não deveria funcionar na normalidade enquanto a maior categoria profissional do DF está paralisada, com ameaça de corte de ponto, com uma multa imoral de R$ 1 milhão por dia para a entidade que a representa”, argumentou Gabriel Magno (PT), que além de deputado e presidente da Comissão de Educação da Casa, é professor de carreira.
O deputado fez alusão à multa que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) estabeleceu para o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) caso a categoria entrasse em greve. A decisão, proferida após o GDF acionar o Judiciário, ainda determina o corte de pontos dos professores da rede pública que aderirem ao movimento.
“Desejo que a greve dos professores termine da melhor forma possível, porque todos os servidores merecem ser valorizados”, pontuou o líder do governo, distrital Hermeto (MDB), que qualificou e as pautas dos professores como “legítimas”.
Como iniciativa para intermediar a questão, o vice-presidente da CLDF, deputado Ricardo Vale (PT), informou que a Mesa Diretora da Câmara Legislativa protocolou um pedido de reunião com o governador para debater as reivindicações dos professores.
“Em vez de buscar facilidades do tribunal para punir os trabalhadores e impedir o direito de greve, o governo deveria chamar os trabalhadores para negociar e apresentar propostas”, declarou Chico Vigilante (PT), ressaltando que o direito de greve está previsto no artigo 9º da Constituição Federal de 1988.
Fábio Felix (PSOL) reforçou apoio aos trabalhadores. “Muita gente tende a achar que a culpa da greve é do movimento grevista, dos trabalhadores. A culpa da greve não é dos professores, é de quem não teve coragem de sentar na mesa e fazer uma proposta concreta”, analisou.
Uma visão mais abrangente da pauta veio à tona quando Magno relatou dados do 8º Relatório de Monitoramento do Plano Distrital de Educação. Segundo leu da Tribuna, o GDF não teria cumprido uma série de metas firmadas no Plano, que é a principal referência para o planejamento das ações da Secretaria de Estado de Educação.
“A situação de Brasília está calamitosa. Hoje nossas crianças e famílias do Distrito Federal estão sem poder ir para a escola. E o governo simplesmente fecha a porta? Não está certo isso. Este governo tem que ser do DF, estamos falando de uma população de mais de 3 milhões de pessoas que contribuem para uma política pública de verdade”, comentou Paula Belmonte (Cidadania).
Ao final da sessão, Max Maciel (Psol) contou que a filha dele — que estuda em escola pública — está de greve e acompanhou o pai no Plenário nesta terça-feira. Maciel afirmou que tanto ele quanto a filha apoiam o movimento, pois “professores valorizados aprimoram os processos de ensino e de aprendizagem”. Dayse Amarilio (PSB) também prestou solidariedade com a greve e expressou temer pelo momento que sindicatos, de forma ampla, vivem no DF.
Fonte: Agência CLDF