Ao longo de dois dias, a Câmara Legislativa foi o epicentro de discussões sobre comunicação e inovação. Em seu lançamento, o Conecta CLDF tratou de aspectos diversos decorrentes desses grandes temas, desde desafios da mídia tradicional até as possibilidades abertas pela Inteligência Artificial (IA). Nas duas últimas mesas da programação, a inovação da comunicação pública, como um todo, e no escopo da CLDF, em particular, conduziram os debates.
A mesa Inteligência Artificial no serviço público apresentou um panorama de experiências com essa tecnologia em diversas esferas da administração pública. Chefe da comunicação do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome (MDS), Allisson Bacelar esclareceu que o ministério precisa se comunicar com uma população bastante diversa. “Então é uma linguagem que precisa ser modelada conforme o objetivo de comunicação que a gente quer passar, da quantidade de informação que a pessoa tem, de onde está. Dependendo do público a gente usa ferramentas diferentes”. Os instrumentos incluem autofalante para informar uma comunidade indígena, por exemplo, ou o disparo de mensagens personalizadas via celular a partir de registros de bancos de dados.
Daniel Silva Boson referiu-se a iniciativas similares no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, no qual é coordenador interino de Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital. “A gente tem uma estratégia brasileira de IA desde 2021 e estamos trabalhando em cima da revisão dela. Se não tivermos uma base de dados grande em português, vamos continuar apenas traduzindo”, pontuou ao alertar para a centralidade estratégica e competitiva desse tipo de solução. O projeto da pasta pretende integrar bancos de dados já existentes, como os do Serviço Único de Saúde, da Receita Federal e do Cadastro Único.
“Quem não usar IA estará fora do jogo global. E essa é a única oportunidade que o Brasil tem de se tornar um país grande, porque a IA embaralhou o jogo internacional, deixou tudo gasoso. Na era da IA todo o aprendizado foi condensado, mas sabe qual vai ser o combustível de quem usa melhor a IA? A curiosidade. E tem alguém mais curioso que o brasileiro?”, provocou o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Prefeitura do Recife. Em sua fala, Rafael Figueiredo apontou que a prefeitura dispõe de sete assistentes com IA, que auxiliam a população em áreas diversas como serviços públicos, capacitação e empregabilidade, turismo, atividade física e nutrição.
No âmbito distrital, consolidam-se projetos com o uso dessas tecnologias, conforme relatou o diretor de Comunicação Social da Casa, Cleyton dos Santos. Ele anunciou que a equipe da Câmara está concluindo estudos para implementar IA no portal da Casa e em outros canais de comunicação: a previsão é que a ferramenta esteja disponível em março de 2025. “Nossa ideia não é só ser requisitados, mas sermos ativos, informar”, esclareceu. “As entregas do Legislativo ficam muito restritas à comunicação dos parlamentares com a base e os parlamentares vão passando, mas a instituição fica. E se nós conseguirmos uma IA com informação na ponta, a instituição vai estar sempre forte. Não só na fiscalização, como é tarefa da Câmara, mas também entregando serviço para a população”, analisou.
Sintetizando as falas do painel, o mediador Robson Galiano – sócio-diretor Operacional da Microtarget – concluiu que a maneira de se comunicar mudou e parafraseando a teoria da evolução de Darwin alertou que “não é a espécime mais forte que sobrevive, é a mais rápida”.
O caso da CLDF
Com participação de comunicadores de diversos estados, seja presencialmente ou via Youtube – plataforma na qual todas as palestras do Conecta seguem disponíveis -, a mesa-redonda Comunicação 360 na CLDF: uma visão integrada encerrou as atividades.
Os chefes dos núcleos da Diretoria de Comunicação da Casa testemunharam sobre suas experiências práticas na TV Câmara Distrital (Saulo Diniz), Agência CLDF de Notícias (Claudinei Pirelli) e Publicidade Institucional (Daniel Galindo). À frente da organização do Conecta, a servidora Franciane Ferreira mediou a conversa e apontou que a mesa foi pensada para contextualizar sobre ações do órgão para implementar uma comunicação 360.
“O objetivo da comunicação da CLDF é viabilizar o diálogo para fomentar a participação popular e o atendimento das demandas sociais”, definiu Pirelli. Para cumprir a tarefa, Diniz declarou que o princípio democrático e o da pluralidade de vozes norteiam a atuação. “Aqui nós não temos ideologia, bandeira e trabalhamos com todos os 24 deputados”, disse Diniz, “a meta é colocar o cidadão dentro da Câmara Legislativa”, complementou.
Já Galindo delineou um cenário futuro para a Casa. “Imagine um momento em que nossas campanhas possam ser direcionadas individualmente para as pessoas dentro daquilo que precisam?”, previu. Ao final, Pirelli abordou o laço imbricado entre legislativo e cidadãos. “Não existe parlamento sem a participação efetiva da sociedade e o desafio da comunicação pública é tornar possível a aproximação entre a casa de leis e o cidadão”, concluiu.
Fonte: Agência CLDF