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SEEDF oferece atendimento Especializado a Alunos com Altas Habilidades do DF

A jornada de desenvolvimento dos talentos de Brasília

Por Giordano Bazzo/ ASCOM

 

 

Nessa segunda reportagem da série dedicada ao Dia da Pessoa com Altas Habilidades e Superdotação, nosso olhar se volta para os bastidores do atendimento a alunos com AH/SD no Distrito Federal. Nesta matéria, desvendaremos cada etapa do processo, desde a identificação inicial até o desenvolvimento de projetos personalizados, e conheceremos os profissionais que atuam diretamente nessa jornada. Acompanhe-nos para entender como a Secretaria de Educação do DF está transformando a educação desses jovens talentos.

 

Na Secretaria de Estado de Educação (SEEDF), o Atendimento Educacional Especializado (AEE) prestado ao aluno com AH/SD é de responsabilidade da Gerência de Atendimentos Educacionais Especializados (Gaesp) da Diretoria de Educação Inclusiva e Atendimentos Educacionais Especializados (Dein), vinculada à Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (SUBIN).

 

O compromisso da SEEDF com o atendimento aos alunos com altas habilidades/ superdotação reflete nossa convicção de que cada estudante possui um potencial único a ser desenvolvido“, afirma Vera Lúcia Ribeiro, Subsecretária de Educação Inclusiva e Integral (SUBIN). “Por meio das Salas de Recursos Específicas, os estudantes recebem o apoio necessário para potencializar seus talentos e habilidades acadêmicas, artísticas e atléticas, com profissionais habilitados e  capacitados, dispondo de uma estrutura adequada para atender às necessidades específicas de cada aluno“, destaca a Subsecretária.

 

AEE e Sala de Recursos

 

As Salas de Recursos Específica de AH/SD são organizadas em Polos nos quais são abertas as turmas da área Acadêmica e/ou de Talento Artístico, conforme a demanda. Além disso, as equipes de AH/SD de cada CRE devem contar com um psicólogo especialista para atender todos os estudantes do Polo e familiares.

 

O atendimento, previsto para alunos desde os primeiros anos da Educação Infantil até o último ano do Ensino Médio, incluído a Educação de Jovens e Adultos (EJA), ocorre uma vez por semana, no contraturno, com a duração de 4 horas (5 horas/aulas).

Ingresso na Sala de Recursos

 

Para ingressar no AEE e frequentar a Sala de Recursos Específica, o aluno deve ser identificado com AH/SD. O processo de identificação desses estudantes tem início na observação de comportamentos sugestivos de AH/SD, o que leva a uma posterior indicação ao AEE. A indicação ao AEE pode ser feita pelo professor ou familiares do aluno, e é formalizada por meio do preenchimento de uma “Ficha de Indicação”, que deve ser entregue na Coordenação Regional de Ensino pretendida ou em um Polo de atendimento.

 

As alunas do 6º ano do CEF 08 de Sobradinho, Pyetra Eduarda Souza dos Anjos, 11 anos, e Ester Pessoa de Sousa, 12 anos, por exemplo, solicitaram à direção da escola, por conta própria, para participarem da Sala de Recursos de Robótica. A professora itinerante então fez a indicação e, atualmente, elas estão em processo de avaliação. Se forem identificados os comportamentos sugestivos de AH/SD, poderão frequentar o atendimento especializado nas Salas de Recursos Específicas de Altas Habilidades/Superdotação até o final do ensino médio. Ester, que quer ser advogada criminalista, gosta de construir robôs com peças de lego. “Faz mais ou menos um mês que eu venho pra cá. Venho quando tem aula vaga e fico fazendo robótica. Eu queria participar do torneio do FLL (First Lego League),” afirmou entusiasmada.

 

 

Já na Sala de Talentos, Maria Clara Costa Silva, 16 anos, aluna da 2ª série do Ensino Médio, foi indicada por uma professora em 2022. “Eu estava no 9º ano do Ensino Fundamental. Uma vez, estava mexendo nos meus desenhos e uma professora de Geografia pediu para vê-los, e aí me indicou. Eu preenchi um formulário e depois vim fazer a entrevista junto com o meu pai. Eles me aceitaram assim na hora,” afirmou. Com os recursos materiais, o convívio com outros alunos com interesses semelhantes e a orientação do professor, ela viu suas habilidades atingirem novos patamares. Para o futuro, Maria Clara pretende ingressar na Universidade de Brasília – Unb e se dedicar a algum curso relacionado a artes.

 

 

Após o início do atendimento, o estudante passa por um período de observação, de quatro a dezesseis semanas, em que são avaliados os comportamentos sugestivos de Altas Habilidades/Superdotação, com avaliação pedagógica e psicológica. Para essa avaliação, é utilizada como referência a “Teoria dos Três Anéis” de Joseph Renzulli, segundo a qual, para a pessoa ser considerada com altas habilidades, ela deve ter muita facilidade em alguma área, deve estar engajada nessa atividade e demonstrar comportamentos criativos dentro dessa área de interesse. Se, depois dos 16 encontros, as  Altas Habilidades/Superdotação forem identificadas, o aluno permanecerá no Atendimento Educacional Especializado até o final do ensino médio.

 

Os alunos matriculados em unidade escolar da rede privada de ensino passam por um processo semelhante. Devem preencher a ficha de inscrição e encaminhá-la para a CRE localizada na mesma região administrativa onde o estudante reside. Depois, devem aguardar o contato do professor itinerante, para que o processo de avaliação seja iniciado.

A Experiência Transformadora

 

Nayara Dias de Menezes relata como o atendimento especializado mudou a vida escolar de seu filho Rafael, hoje no 3º ano do Ensino Fundamental. O garoto frequenta a Sala de Recursos do CEF 08 de Sobradinho desde 2022, após um período desafiador em que se recusava a ir à escola.

 

Consegui o contato através de uma professora que me encaminhou à coordenadora de Altas Habilidades/Superdotação. Iniciamos o processo quando Rafael tinha 5 anos, mas devido à pandemia e às vagas limitadas para alunos de escolas particulares, ele só começou o atendimento aos 7 anos“, explica Nayara.

 

Nayara destacou, ainda, os benefícios do programa: “O atendimento foi fundamental para a autoestima dele, ajudou-o no reconhecimento entre seus pares e potencializou suas habilidades. Houve uma redução significativa da ansiedade e um desenvolvimento da autonomia criativa.”

 

Como mãe de uma criança superdotada, ela ressalta que os desafios vão além do aspecto acadêmico: “O acolhimento é essencial. Ter um filho com altas habilidades traz desafios diários, principalmente nos aspectos emocionais e sociais.”

Equipe Especializada

 

Para atender esses alunos, há mais de 80 profissionais especializados da Rede Pública do DF, entre professores das áreas específicas, psicólogos e professores itinerantes.

 

O professor da Sala de Recursos passa por processo de aptidão e atua de acordo com a sua habilitação. Ou seja, na Sala de Recursos Específica de Altas Habilidades/Superdotação, área de Talentos Artísticos, o professor deve ser da área de Artes. Atualmente a Rede Pública do DF possui Salas de Recursos Específicas de AH/SD nas áreas de Ciências Humanas, Linguagens, Matemática e Artes.

 

Leandro Vasconcelos Nunes Monteiro é professor de Artes Visuais da Sala de Recursos de Talentos Artísticos do CEF 08 de Sobradinho desde 2012. Hoje, atende cerca de 50 alunos entre 11 e 18 anos, do 6º ano do Ensino Fundamental até a 3º série do Ensino Médio. “Dentro da sala, a gente trabalha com todo tipo de linguagem. A gente trabalha com animação, com estrutura, com modelagem, pintura e, inclusive, computação gráfica que é bem presente agora,” afirmou.

 

 

Maria Luiza Macedo, psicóloga do CEF 08, é peça-chave no atendimento a estudantes com altas habilidades/superdotação (AH/SD). Além de identificar esses alunos por meio de avaliações psicológicas, ela oferece um acompanhamento individualizado, proporcionando suporte emocional tanto aos estudantes quanto às suas famílias.

 

Estudantes com altas habilidades vivem um mundo interno rico e complexo. Essa percepção aguçada os torna mais sensíveis a nuances e emoções, o que pode gerar desafios como ansiedade e dificuldades de socialização. Muitas vezes, sentem-se incompreendidos por seus pares e carregam a responsabilidade de sempre serem os melhores. No meu trabalho, busco criar um espaço seguro para que expressem seus sentimentos e desenvolvam habilidades para lidar com as altas expectativas e as comparações constantes. A parceria com os pais é essencial para garantir um acompanhamento integral e eficaz.”, explica a psicóloga.

 

 

Na Sala de Recursos, destaca-se a atuação do Professor Itinerante como elemento central no atendimento aos alunos AH/SD. Este profissional atua como articulador entre os diversos segmentos da comunidade educacional, estabelecendo conexões estratégicas entre a Diretoria de Educação Especial, as salas de recursos, as unidades escolares, as famílias e as Coordenações Regionais de Ensino. Seu papel abrange tanto o suporte pedagógico quanto o administrativo, sendo fundamental na coleta e análise de dados, no acompanhamento individualizado dos estudantes e na orientação especializada a professores e familiares.

 

Para exercer a função de Professor Itinerante, é necessário possuir formação específica em AEE, com ênfase no trabalho com alunos superdotados. Além da formação, o profissional deve obter uma concessão de aptidão para atuar na Educação Especial, particularmente nas Salas de Recursos para Altas Habilidades/Superdotação. Esta concessão é feita por uma banca examinadora, durante o processo de Concurso de Remanejamento.

 

Rachel Souza Rabelo, Professora Itinerante do AEE em Altas Habilidades/Superdotação do CEF 08 de Sobradinho, destaca que o tema tem ganhado cada vez mais relevância no cenário educacional. “O atendimento ao estudante com AH/SD é um assunto que tem entrado na pauta, não só das escolas, mas das famílias também. São estudantes que precisam de uma suplementação curricular, pois seus interesses vão além dos conteúdos acadêmicos trabalhados em sala de aula“, explica.

 

O trabalho, segundo ela, vai além do atendimento direto ao aluno: “Realizamos um apoio integral à família do aluno com AH/SD, abordando questões emocionais e orientando os professores do ensino regular sobre as necessidades específicas desses estudantes e as adaptações necessárias em sala de aula.”

 

 

Dulcinete Castro Nunes Alvim, diretora da Diretoria de Educação Inclusiva e Atendimentos Educacionais Especializados (DEIN), ressalta a importância do atendimento especializado para os alunos com altas habilidades: “Nós temos resultados fantásticos desses trabalhos realizados”. Segundo ela, os projetos desenvolvidos nesses atendimentos demonstram o potencial dos alunos em diversas áreas, como saúde, educação e tecnologia. A diretora assegura que esses jovens podem contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade.

 

Ao explorar o mundo das altas habilidades na rede pública do Distrito Federal, percebemos o quanto o apoio especializado transforma a vida desses estudantes. Mas como garantir que esse apoio seja sempre de alta qualidade? A resposta está na formação dos professores.

 

Na próxima reportagem, vamos explorar a formação dos professores especializados em altas habilidades. Como esses educadores são preparados para atender às necessidades únicas desses estudantes? Quais as competências e habilidades essenciais para essa missão? Acompanhe-nos para entender como a formação de qualidade é crucial para garantir um atendimento eficaz e humanizado a todos os estudantes com alto potencial.

 

Fonte: Secretaria de Estado de Educação do DF

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