Alunos são estimulados a ler e depois escrever sobre diferentes gêneros textuais
Soraia Cantanhede, Ascom/SEEDF
O desenvolvimento de projetos que estimulem a leitura e escrita no ensino fundamental desempenha um papel crucial no desenvolvimento escolar dos estudantes. No Centro de Ensino Fundamental 410 Norte, os alunos do 8º e 9º ano são estimulados, desde o primeiro bimestre, a ler e escrever sobre diferentes gêneros textuais, o que trabalha a produção crítica deles.
O projeto “O exercício da escrita para um processo de aperfeiçoamento criativo” se baseia no tripé leitura, oralidade e escrita. A partir da leitura da obra, os estudantes trabalham a oralidade, conhecendo o autor, os personagens, o contexto histórico da obra, e, depois, começam a escrever sobre a obra, fazendo releitura ou crítica ao texto, bem como reescrevendo o final de algumas histórias, como é o caso de Romeu e Julieta, do autor inglês, William Shakespeare.
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❝O ensino de Língua Portuguesa precisa priorizar o preparo do aluno para diversas situações comunicacionais, sendo importante o domínio da própria língua ❞ Delma Carvalho, professora |
Na obra original, o final de “Romeu e Julieta” é marcado pela trágica morte dos protagonistas. Todavia, para Hevelyn Karine da Costa Nascimento, do 8º ano, o final poderia ser reescrito da seguinte forma: “(…) Como planejado, Romeu estava à espera de Julieta, lá fora. Ela fugiu do casamento, deixando o príncipe morto, e fugindo para outra cidade, bem distante dali. Romeu e Julieta se casaram e tiveram cinco filhos lindos e saudáveis.”
A cada bimestre, os alunos escolhem um gênero textual para lerem e, a cada obra lida, uma proposta de produção fez parte da avaliação. Assim, se for escolhido o gênero poema, por exemplo, os alunos do projeto terão que desenvolver um poema ao final do período. Desde o começo do ano, as turmas já estudaram, além de poemas, narrativa, cordel, notícia, crônica e artigo de opinião.
O objetivo do projeto é criar no estudante o prazer de ler e escrever, suscitando nele o reconhecimento de suas capacidades como ledores, analistas interpretativos e produtores de textos de qualidade, considerando o domínio de sua expressão a partir do contato com obras literárias.
“O ensino de Língua Portuguesa precisa priorizar o preparo do aluno para diversas situações comunicacionais, sendo importante o domínio da própria língua“, explica a idealizadora do projeto, professora de português, Delma Carvalho. “No último bimestre, por exemplo, nós já estávamos trabalhando com artigos de opinião, com alunos de 8º ano. A gente conheceu os contos do Machado de Assis., lemos várias crônicas, aproveitamos o mês da Consciência Negra para desenvolver essa linha de pensamento. Lembro que nós tivemos alunos lendo Dom Casmurro e, apaixonados por Machado de Assis, indo à biblioteca buscar outras obras do autor. Em suma, o exercício da escrita é um componente vital para o aprimoramento criativo, oferecendo benefícios que se estendem além do ato de escrever em si, influenciando positivamente diversos aspectos da vida pessoal e acadêmica dos estudantes”, completa.
Um dos alunos apaixonados pela leitura é Francisco Jabour Uchôa, 13 anos. Ele comenta que, após entrar para o projeto, o gosto pela leitura aumentou bastante. “Eu realmente peguei mais firme com os livros, porque você precisar ler o livro para fazer a prova, daí que a gente acaba pegando mais gosto pela biblioteca. ”
Francisco conta, entusiasmado, o livro que mais mexeu com ele. “A história que mais me marcou foi, sem dúvida, Fahrenheit 451. Ele conta que o governo não queria que as pessoas ficassem pensativas e críticas, então eles queimavam todas as obras. Era proibido ler e ter livro. Daí o título, porque Fahrenheit 451 é a temperatura ideal para queimar muitos livros. E aí, eu achei muito legal, porque depois disso, eu percebi o quão importante os livros são na vida da gente. ”
O projeto de incentivar a leitura de obras literárias pode ser um caminho de aprendizado da Língua Portuguesa, mirando, especificamente, na escrita. Como ressalta a professora Delma: “para escrever bem é preciso ler muito”.
Assim, cultivar projetos de leitura e escrita desde o ensino fundamental, é colaborar para a formação de alunos habilidosos em linguagem, bem como em mentes criativas e críticas.