Este ano, cerca de 9.500 alunos da rede pública do DF disputarão a 2ª fase da competição de matemática
Por Giordano Bazzo, Ascom/SEEDF
Enquanto cerca de 9.500 alunos da rede pública do Distrito Federal se preparam para participar da segunda fase da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) neste sábado (19), para entrar no clima, outros estudantes da rede pública do DF que já participaram da competição no ano passado relembram as conquistas e ajudam a inspirar colegas que farão a prova esse ano.
Entre os alunos premiados, em comum estão o empenho pessoal e o apoio institucional e familiar, que são as chaves para o sucesso na competição. Em 2023, 76 alunos foram medalhistas no circuito nacional, sendo que cinco levaram o ouro, 14 a prata e 57 o bronze. Além disso, a rede pública teve 18 professores e 13 escolas premiados.
Valentina Gasparro Quaglia, 16 anos, foi medalhista de ouro em 2022, quando era aluna do Centro de Ensino Fundamental (CEF) da 306 Norte, e prata no ano passado, quando estudava no CEF da 102 Norte. Devido ao desempenho na OBMEP, a aluna conseguiu uma bolsa de estudos integral em uma escola particular, onde atualmente cursa o primeiro ano do Ensino Médio.
Com a premiação também veio a bolsa de estudo e a inserção no Programa de Iniciação à Ciência (PIC). Após vivenciar as conquistas vindas da participação da OBMEP, Valentina destaca o apoio recebido pelos professores. “Ano passado, quando ganhei a de prata, a escola me deu muito apoio. Tivemos aulas extras voltadas para a OBMEP uma vez por semana, durante quase dois meses, de tarde a gente ficava lá na escola fazendo exercícios,” relembra.
Apoio
Já Wesley Felix da Silva, 17 anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio do Centro Educacional (CED) São Francisco de São Sebastião, prefere estudar sozinho. “Eu gostava de me preparar sozinho, eu tenho mais esse estilo autodidata”, conta o aluno que começou a disputar olimpíadas do conhecimento no 6º ano do Ensino Fundamental. Ano passado, ele conquistou a medalha de ouro na OBMEP.
Wesley destacou o papel da família no desenvolvimento nos estudos. “Desde que eu tinha três anos, meus pais já me ensinaram a ler e a contar os números. Então, eu já tinha pegado esse gosto desde o começo. E família é muito importante para te motivar a continuar estudando”, destacou. A mãe de Wesley, Rosenilda Felix dos Santos, destacou o apoio da escola, e relembra que antes mesmo da primeira participação em uma olimpíada do conhecimento o filho já tinha aulas na sala de recursos, voltadas para alunos com altas habilidades.
Wesley é bolsista do PIC desde o 7º ano do Ensino Fundamental. Para o futuro, ele já tem planos bem delineados. ““Eu penso ir para o exterior para aprofundar nos meus estudos. Porque eu gosto de matemática e queria ser um pesquisador no futuro”, indica.
Diferentes motivações
Outro aluno da rede pública do DF que foi destaque na OBMEP 2023, quando era aluno do CEF Vila Areal de Taguatinga, foi o Vinicius França Batista, 14 anos, hoje aluno do 8º ano do CASEB. Vinicius sempre gostou de matemática, então, quando soube da OBMEP, viu que ali estava um caminho para realizar seus sonhos. “Sempre penso que a matemática pode me ajudar no futuro. A carreira que seguir provavelmente vai estar relacionada com a matemática,” disse.
Apesar de ter sido destaque na competição e ter ganhado medalha de ouro em 2023, a trajetória escolar nem sempre foi tão brilhante. “No primeiro ano, com sete anos de idade, ele teve problemas com as notas e não conseguia identificar as vogais, enquanto o resto da turma conseguia ler. A partir desse momento, passamos a acompanhar mais”, destacou Wendisley Alves Batista, pai de aluno.
Já pensando no futuro e na possibilidade de ganhar bolsas de estudo e ingressar em programas de iniciação científica, além de entrar direto em uma universidade conceituada, Jorge Miguel Alves Machado, 15 anos, aluno do CEF 412 de Samambaia, mergulhou nos estudos. Medalhista de ouro na OBMEP 2023, pelo CEF 01 de Brasília, Jorge Miguel contou com a ajuda de professores da sua escola, mas a maior parte da sua preparação foi em casa.
“Eu procurava conteúdo na internet, vídeo no YouTube, cheguei até a comprar o cursinho com a bolsa da OBMEP”, diz. É a segunda vez que Miguel recebe a bolsa de estudos e participa do PIC. “O que o processo me ensinou, eu vou levar para a vida. O conceito de me esforçar por algo, de me dedicar, de me preparar, isso com certeza vai me levar a lugares melhores”, afirma.
Docentes e escolas da rede pública também são destaques da OBMEP
Já entre os docentes, Luciane Amelia Escaleira recebeu o primeiro prêmio da categoria em 2023, quando era professora do CEF 05 de Brasília. Seus alunos obtiveram 14 premiações, sendo três medalhas de prata e três de bronze no nível estadual e quatro de bronze e sete menções honrosas no nível nacional. Por isso, ela foi contemplada com o direito de participar do PIC, além de receber um certificado e livros didáticos.
Em 2022, a professora também foi premiada já que seus alunos levaram duas medalhas de bronze e seis menções honrosas na competição nacional. A trajetória de Luciane na OBMEP começou em 2017, quando entrou para um programa vinculado ao Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), chamado OBMEP na Escola.
No programa, os professores eram estimulados a abrir turmas dentro da escola, em horário de contraturno, para trabalhar a Olimpíada Brasileira de Matemática. “Em 2017, eu comecei com essas turmas no 6º ano. A gente trabalhava com resolução de questões de olimpíadas. Isso foi em 2017, 2018, 2019, ano em que a gente começou a ganhar menções honrosas e medalhas” disse.
Questionada sobre o segredo do sucesso com a OBMEP, Luciane respondeu que “não é uma coisa feita em um ano”. “É uma cultura que você tem que começar e desenvolver com os alunos. A partir disso, eles mesmos fazem propaganda e geram incentivo para outros participarem”, conta. Além disso, ela destaca a parceria entre a escola e os responsáveis.
“Os pais são importantes nesse processo porque você oferece uma aula em contraturno, você muda toda a rotina dos pais e eles ajudam. Então eu acho que juntando tudo isso, você consegue começar a ter resultados“, completa.
Além de Luciane, outros 17 professores da rede pública do DF foram premiados em 2023. São eles:
■ Alcides Rogério de Brito – CEF 04 de Brasilia
■ Anna Carla Costa Jesuino – CEF Polivalente
■ Emerson Lopes Siqueira de Souza – CEF Caseb
■ Evelyn Gabrielle Monteiro G. da Silva – CEF Polivalente
■ Fabricio Garcia do Nascimento – CED Stella dos Cherubins Guimarães Trois
■ Isaac Antunes Barboza – CEF 306 Norte
■ Jose Benevenuto Sampaio Santos – CEF 15 de Taguatinga
■ Jose Washington Aguiar – CEF 405 Sul
■ Kilza Caiafa Sousa – CEF Cerâmica São Paulo
■ Leonardo Goncalves Martins – CEF 213 de Santa Maria
■ Leticia dos Santos Silva – CEF Caseb
■ Marlon Silva dos Santos – Escola Classe 64 de Ceilândia
■ Marly dos Reis da Silva Cortes – CEF 306 Norte
■ Olavo Coelho Alves Batista – CEF Polivalente
■ Rafael Sales Costa – CEF 01 de Brazlândia
■ Regiane Quezia Gomes da Costa – CED 04 de Taguatinga
■ Tania de Fatima Borges – CEM Setor Oeste
Escolas
A rede pública de ensino do DF também teve 18 escolas premiadas em 2023. Uma delas foi a Escola Classe 64 de Ceilândia, que teve, três alunos medalhistas de bronze e uma menção honrosa. O professor Marlon Santos, que atua na Sala de Recursos da escola, é o responsável pelas aulas no contraturno voltadas para olimpíadas do conhecimento.
“A partir do ano de 2013 começamos participando da OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica). Na OBMEP começamos no ano passado e tivemos destaques e medalhas. O trabalho de estudo e dedicação é mérito dos desejos destes educandos em se destacar,” afirma.
As demais escolas premiadas foram:
► CED 04 de Taguatinga
►CED 08 do Gama
►CEF 04 de Brasília
►CEF Bonsucesso
►CEF Polivalente
►CEF Tamanduá
►CEF Vila Real
►CEM Paulo Freire
►EC 64 de Ceilândia
►CED Várzeas
►CEF 05 de Brasília
►CEF 306 Norte
►CEF Nossa Senhora de Fátima