A história do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) se confunde com a de Brasília. Criado apenas dois meses após a fundação da nova capital, o órgão ajudou a pavimentar não só as primeiras vias da cidade, como também os caminhos que levaram o DF a se conectar com o restante do país. No ano em que a autarquia e o Quadradinho completam 65 anos, uma nova obra surge para preservar essa memória: a construção do Museu Histórico, Artístico e Científico do DER (MuDER).
O MuDER será implantado em três etapas. A primeira, chamada de “Museu a Céu Aberto”, está concluída. Em cada um dos departamentos do DER, equipamentos e maquinários históricos foram expostos para homenagear os servidores da casa. “A ideia era que o servidor, ao chegar para trabalhar, visse a máquina e se lembrasse das obras das quais participou. É um resgate voltado para dentro da instituição, mas aberto à sociedade”, explica o presidente da comissão de criação do museu, Maurício Marques.
A segunda etapa, atualmente em execução, marca a abertura do museu ao público em um espaço fechado no Parque Rodoviário, com 168 m² divididos em dois módulos. Um deles será voltado para exposições de longa duração, com acervo composto por documentos, objetos históricos e depoimentos de ex-servidores colhidos pelo Projeto Permanente de História Oral, em funcionamento desde 2023.

“O visitante poderá acessar exposições, fotos, projetos e até relatos em áudio e vídeo de ex-dirigentes do DER. Como o espaço é limitado, estamos investindo em muita tecnologia e recursos audiovisuais para otimizar a experiência”, prossegue Maurício.
O museu, considerado o primeiro interativo e audiovisual entre os departamentos rodoviários do país, tem previsão de inauguração para junho, no aniversário do órgão. As obras já avançam para as etapas estruturais da marquise, preparo para instalação de piso e fiação elétrica do espaço, que promete ser um novo ponto de conexão entre passado, presente e futuro da mobilidade no Distrito Federal.
Cuidado técnico
Todo o processo de construção do museu é acompanhado de perto pelo museólogo Gustavo Lopes, um dos integrantes da comissão de 40 pessoas responsável pelo projeto. O profissional destaca o cuidado técnico envolvido na criação do museu.
“O DER teve a nobreza de contratar um museólogo desde o início, o que é raro. Trabalhamos no desenvolvimento do plano museológico, no processamento técnico dos objetos do acervo e, futuramente, na comunicação desses conteúdos ao público”, conta. “Cada objeto precisa ter um contexto. Um museu não pode ser feito de peças soltas.”
Gustavo ainda explica que o MuDER atenderá aos três pilares exigidos por lei para um museu: acervo, pesquisa e comunicação: “Estamos reunindo o acervo, promovendo pesquisa científica sobre os itens e, em breve, iniciaremos a divulgação por meio de exposições e ações educativas”.

Sede definitiva
Já a terceira etapa compreende a construção da sede definitiva do museu, com assinatura do arquiteto Jorge Nazaré. Com conceito de arquitetura contemporânea tropical, o prédio será integrado às políticas educacionais do DER e contará com dois auditórios, setor administrativo, depósitos para diferentes tipos de acervo e um átrio com pé-direito triplo para iluminação zenital. Haverá ainda um subsolo semi-enterrado.
“O desenho é simples e simbólico, como Brasília. Um quadrado dividido ao meio, com cantos arredondados e espaços internos articulados em três pavimentos. Tudo pensado para valorizar o acervo e proporcionar uma experiência moderna ao visitante”, detalha o arquiteto.
A expectativa não é descontinuar o museu audiovisual construído no interior do Parque Rodoviário, mas incorporá-lo aos projetos educacionais do departamento, como, por exemplo, a Escola Vivencial de Trânsito (Transitolândia), cujo objetivo é promover a conscientização sobre a segurança no trânsito.
Fonte: Agência Brasília