O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi convidado por senadores para explicar, em sessão temática, as dificuldades que o país tem enfrentado para agilizar a imunização da população contra a covid-19 e indicar quais medidas estão sendo adotadas pela pasta para promover a vacinação em todo o país. O requerimento (REQ 97/2021) com o convite foi aprovado simbolicamente na sessão desta quinta-feira (4), mas ainda não há data definida para a participação do ministro.
Inicialmente, o requerimento de autoria da senadora Rose de Freitas (MDB-ES), previa a convocação de Pazuello, o que obrigaria a participação do ministro. No entanto, após o apelo do líder do governo, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), que garantiu a confirmação de presença do gestor, a autora aceitou convertê-lo em convite.
— Embora, líder, não seja essa a minha vontade diante da frieza, diante da ineficácia, diante da falta de destreza na administração do conflito que este país viveu e está vivendo — observou Rose ao criticar a condução da crise sanitária pelo ministro.
A preocupação com o crescente número de casos e de óbitos pela doença registrado no país além da situação dramática vivenciada no estado do Amazonas também justificaram a aprovação do convite.
O líder do MDB e senador representante do Amazonas, Eduardo Braga, disse que quer respostas de Pazuello para o seu estado. Segundo ele, em 10 meses, 8,6 mil amazonenses perderam a vida por covid-19.
— Só no mês de janeiro, praticamente 3 mil amazonenses morreram: morreram por falta de oxigênio, morreram por falta de vacina, por falta de leitos, por falta de um socorro médico. E, lamentavelmente, isso aconteceu com o conhecimento das autoridades, das autoridades do meu estado, das autoridades municipais e das autoridades da saúde pública nacional e do Ministério da Saúde — disse.
A crítica à gestão do ministro foi acompanha pelo senador Major Olimpio (PSL-SP). Para ele, houve “omissão” da pasta no enfretamento à crise anunciada em Manaus.
— Morreram pela irresponsabilidade criminosa, pelo negacionismo, por estar brincando com a vida, por sair num avião com seis cilindros de oxigênio para tirar foto em Manaus; por receber, nos dias 8, 9, 10, 11, 12, 13, relatórios da força-tarefa do SUS dizendo que iria começar a morrer gente asfixiada — apontou.
Comissão da covid-19
Ainda durante a sessão os senadores solicitaram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que seja reinstalada a comissão temporária do Congresso Nacional para acompanhar as medidas do governo federal de enfrentamento à pandemia. O colegiado funcionou em 2020, mas encerrou suas atividades no final do ano com o fim da vigência do decreto que estabeleceu o estado de calamidade pública. Na avaliação dos senadores, o grupo deve continuar fiscalizando e cobrando ações governamentais de enfrentamento aos efeitos da pandemia.
Segundo Pacheco, a solicitação será avaliada na próxima reunião do Colégio de Líderes prevista para a próxima terça-feira (9), às 10h.
CPI
Outro pedido feito pelos senadores em Plenário foi para que seja instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que tem como objetivo investigar ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, o agravamento da crise no Amazonas.
Autor do requerimento para instalação da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) informou que a solicitação com 31 assinaturas já foi protocolada na Mesa.
— Não é encontrar culpados, mas saber quem deliberadamente por omissão possibilitou que centenas de milhares de famílias brasileiras fossem separadas, divididas, vulnerabilizadas, que centenas de milhares de compatriotas nossos fossem tirados do nosso convívio. Essa investigação é um dever do Congresso Nacional — argumentou Randolfe.
Os senadores Eduardo Braga e Major Olimpio também reforçaram o pedido ao presidente.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Fonte: Agência Senado