- PUBLICIDADE -
InícioLegislativoSenado FederalProjeto que cria política de preços para livros ganha apoio em audiência...

Projeto que cria política de preços para livros ganha apoio em audiência na CE

Em audiência pública na Comissão de Educação e Cultura (CE), na quarta-feira (25), os debatedores foram unânimes em manifestar apoio ao projeto que institui a Política Nacional do Livro e a regulação de preços das publicações (PLS 49/2015). De autoria da ex-senadora Fátima Bezerra, a matéria está em análise na CE, sob relatoria da senadora Teresa Leitão (PT-PE). Foi ela quem apresentou o requerimento (REQ 98/2023) para a audiência e dirigiu o debate.

O texto prevê que todo livro, inclusive digital, receba da editora precificação única pelo prazo de um ano, a partir de seu lançamento. Segundo a justificativa do projeto, fixar o preço mínimo de venda ao comprador final, por prazo determinado, poderá assegurar igualdade de tratamento ao comerciante livreiro e incentivar a ampliação do mercado nacional, além de estimular a leitura. Em tese, seria uma forma de auxiliar as pequenas livrarias a enfrentar as grandes redes comerciais que vendem livros na internet.

— Livro não tem preço, mas o preço tem consequências. Precisamos pensar no acesso à educação e à cultura. Dizem que vivemos no país onde algumas leis “pegam” e outras não. Essa lei tem tudo para pegar, pois tem viabilidade social — afirmou a senadora.

O secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba, elogiou a iniciativa da senadora Teresa Leitão em desarquivar o projeto. Ele disse desejar que a pauta do livro tenha força dentro do Congresso Nacional. De acordo com o secretário, a agenda do livro tem o apoio do governo. Ele informou a intenção do Ministério da Cultura em formar um grupo de trabalho para pensar em políticas para a redução do preço do livro. 

Importância

Para o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Dante José Alexandre Cid, o projeto pode ser classificado como fundamental para a saúde do mercado dos livros. Ele disse que outros países que implementaram a regulação observaram a redução do preço do livro no longo prazo. Segundo Cid, o livro não pode ser encarado como outros tipos de produto, mas precisa de uma atenção especial.

— O livro é o principal pilar de transmissão e preservação de educação e cultura de um país — registrou Cid.

O diretor da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abifraf Nacional), João Scortecci, lembrou que o livro físico chega à maioria dos municípios por meio das pequenas livrarias. Segundo Scortecci, o projeto também será importante para gráficas de pequeno porte e para escritores independentes.

Para a presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sevani Matos, o projeto pode ser importante para segurar o preço do livro, já que incentiva a abertura de pequenas livrarias. Ela lembrou que o PLS tem sido chamado de Lei Cortez, como forma de homenagear o livreiro e editor José Xavier Cortez, que morreu em 2021 aos 84 anos. 

Sugestões

O presidente da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR), Francisco Bilac Pinto, disse que “muitos players não praticam a livre iniciativa como deveriam”. Segundo Bilac Pinto, as grandes redes operam com outros bens de mais valor e usam o livro como uma forma de atração. Ele sugeriu trocar, no texto do projeto, a expressão “preço fixo” para “preço justo.

— As grandes redes fazem dumping e machucam o mercado. O projeto é bem-vindo, é uma forma de tentar combater os excessos que ocorrem — afirmou Bilac Pinto.

Segundo o diretor-presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Marcus Teles Carvalho, países como Argentina, México, Japão e vários na Europa têm legislação com regulação de preços de livro. Ele destacou que o projeto não alcança os livros didáticos. 

— Queremos mais concorrência e a não concentração de livrarias virtuais. Mais concorrência é mais gente vendendo e mais escolha para o cliente — argumentou.

Para Carvalho, o projeto tem o mérito de incentivar a concorrência e um preço menor dos livros, respeitar a diversidade do público e diminuir a concentração da venda de livros em monopólios. O diretor lembrou que mesmo livrarias tradicionais vêm fechando suas unidades no país e algumas já pediram falência. Ele ainda sugeriu incluir o termo “bibliodiversidade de títulos” entre os objetivos da lei.

Participação do público

A audiência foi realizada de forma interativa, com a possibilidade de participação dos cidadãos por meio do Portal e-Cidadania. A senadora Teresa Leitão destacou algumas das mensagens que chegaram até à comissão.

O internauta Santiago Rodrigues, de São Paulo, afirmou que os livros devem continuar isentos de impostos, para incentivar a leitura. Angélica Pires, do Paraná, apontou que, com a política de preço fixo, a venda dos livros teria como diferenciais a curadoria de acervo, a qualidade de atendimento e o parcelamento sem juros.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Comentários

[wce_code id=1]
- PUBLICIDADE -

Últimas Notícias

- PUBLICIDADE -