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Menos da metade das crianças brasileiras tem aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida

23/08/2021 – 19:27  

Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Gilberto Kac: início precoce do aleitamento protege recém-nascido de infecções

Dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil mostram que 45,8% das crianças brasileiras têm aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, 52% delas têm aleitamento continuado nos primeiros 12 meses de vida, e 35%, nos primeiros 24 meses.

O coordenador do estudo, Gilberto Kac, participou de audiência pública nesta segunda-feira (23) promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher para discutir o aleitamento materno. Ainda segundo o estudo,  A meta prevista na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é 70% de amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida até 2030.

Segundo Kac, 62% das crianças brasileiras são colocadas para amamentar na primeira hora de vida. O início precoce do aleitamento materno, dentro de 1 hora após o nascimento, protege o recém-nascido de adquirir infecções e reduz a mortalidade neonatal.

Cultura do desmame
A dentista Amanda Oliveira é mãe de gêmeos. Ela amamenta as crianças há cinco anos. Segundo conta, para garantir o aleitamento prolongado que defende, teve de vencer uma “cultura do desmame” que há no País.

“Para eu conseguir amamentar os meninos, eu tive que vencer essa cultura do desmame desde a gravidez. E essa cultura do desmame está enraizada na vida das mulheres desde pequenininhas, brincando de bonecas com a chupeta, com a mamadeira, e a gente já cresce aprendendo que é assim que acontece”, disse.

Segundo Amanda Oliveira, a amamentação, além de alimento, é fortalecimento emocional, é criação de vínculo. Seus filhos, de acordo com a dentista, são crianças bem resolvidas emocionalmente e com ótima saúde física.

Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Amanda Oliveira denunciou a “cultura do desmame”

Projetos de lei
A dentista pediu rapidez à Câmara na análise de dois projetos de lei: o que pune quem proibir ou constranger a mãe no momento da amamentação, em estabelecimento público ou privado (PL 4837/20); e o que estabelece que a trabalhadora mãe ou adotante possa optar por 120 dias de licença-maternidade com salário integral, ou então por 240 dias de afastamento com a metade da remuneração (PL 5373/20).

Ela também destacou a importância de proposta que está no Senado e prevê que as creches devem proporcionar condições físicas e materiais para a amamentação e o aleitamento materno (PL 1630/19).

A deputada Erika Kokay (PT-DF), que propôs o debate, disse que levará as sugestões à comissão, para que as deputadas trabalhem pela aprovação de algumas dessas propostas como forma de marcar o Agosto Dourado, em apoio à Semana Mundial da Amamentação, celebrada de primeiro a 7 de agosto, e ao Mês do Aleitamento Materno.

Mitos sobre amamentação
Segundo a médica Ana Bárbara Jannuzzi, as mulheres enfrentam muitos empecilhos para conseguir amamentar, desde a gestação.

“Na gestação a gente já começa sendo bombardeada por estratégias de marketing, de que a criança precisa de chupeta, mamadeira, e todo tipo de kit de outros bicos para amamentar porque pode ser que ela não seja capaz de amamentar o seu filho, trazendo isso para dentro dos consultórios médicos e de outros profissionais de saúde”, observou.

Ainda segundo ela, existe uma “série de mitos que vão se repetindo, se replicando sem a menor evidência científica. Avaliação de mamilos de mulheres, dizendo que essas mulheres não conseguem amamentar. Coisas que estão sendo replicadas no dia a dia dessas mulheres.”

Outro ponto abordado na audiência foi a lei que determinou a inclusão de lactantes como grupo prioritário no Plano Nacional de  Vacinação contra a Covid-19 (Lei 14.190/21). Segundo a defensora pública Charlene Borges, muitos estados optaram por ignorar a lei, e só vacinar as lactantes com o avanço da imunização por idade.

A deputada Erika Kokay disse que vai buscar informações a esse respeito. “Nós vamos protocolar um requerimento de informações sobre o descumprimento da lei, que já foi sancionada em 30 de julho, para que o ministério [da Saúde] nos explique porque não foi respeitada”, informou.

Reportagem – Paula Bittar
Edição – Roberto Seabra

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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