06/08/2021 – 16:42
O aumento da produtividade e a utilização de recursos naturais de maneira sustentável são algumas das vantagens da chamada “bioeconomia”, que foi tema de discussão na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara nesta sexta-feira (6).
Gustavo Sales/Câmara dos Deputados
Celso Moretti falou da bioeconomia na Amazônia
A bioeconomia reúne atividades econômicas que utilizam recursos biológicos para um novo modelo de desenvolvimento. Representantes do governo, pesquisadores e empresários ressaltaram, na audiência pública, a eficácia de conjugar o ambiente de produção de conhecimento científico e as empresas privadas na busca de produtos inovadores.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, apresentou várias vertentes da bioeconomia em pesquisas que estão sendo feitas na Amazônia: do cultivo mecanizado e controle de pragas na produção de mandioca ao melhoramento genético do guaraná.
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, falou também sobre o uso de tecnologia em plantas forrageiras, aquelas empregadas na alimentação de animais, o que evitou, ao longo dos anos, o desmatamento de 23 milhões de hectares na região.
“A tecnologia de desenvolvimento de forrageiras adaptadas possibilitou a recuperação de pastagens degradadas e a utilização dessas pastagens para a produção em áreas obviamente já consolidadas”, observou.
Uso do grafeno
Uma das estrelas dos programas governamentais de apoio à bioeconomia é o grafeno, produzido a partir do grafite. Sozinho ou combinado com outros materiais, ele tem uma variedade de aplicações, que vão da dessalinização da água do mar ao uso em cosméticos.
Gustavo Sales/Câmara dos Deputados
Diego Piazza (no telão), explicou o uso do grafeno na bioeconomia
Coordenador de um centro especializado neste material na Universidade de Caxias do Sul (RS), Diego Piazza explicou que é possível aliar o uso do grafeno aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e detalhou os benefícios para o meio ambiente.
“Desde uma redução no consumo de matéria-prima à potencialização da reciclagem de materiais. Ao mesmo tempo, efeito lubrificante, fazendo com que a gente tenha motores mais eficientes e isso impacta diretamente na redução de CO2, e características como, por exemplo, armazenamento de energia e redução dos índices de corrosão”, explicou.
Bioeconomia é um dos temas centrais da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia. Na audiência pública, o secretário de Empreendedorismo e Inovação do ministério, Felipe Belluci, destacou a importância da interface entre pesquisadores e o setor produtivo.
“Nós gostaríamos de transformar todo esse conhecimento que o nosso ecossistema, em especial as universidades, vem gerando ao longo das últimas décadas em novos produtos, novos processos, e também incentivar o nosso ecossistema a empreender, não um empreendedorismo de oportunidade, mas sim um empreendedorismo de base tecnológica”, disse.
Gustavo Sales/Câmara dos Deputados
O deputado Coronel Tadeu assumiu o compromisso de lutar por mais recursos
Orçamento federal
Ele ressaltou a necessidade de manter recursos humanos, infraestrutura e, principalmente, o orçamento para os investimentos em bioeconomia e pediu aos parlamentares a garantia de recursos financeiros para o Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia (FNDCT). O deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), membro titular da Comissão Mista de Orçamento (CMO), assumiu o compromisso.
“Desde já, eu me coloco à disposição para nós lutarmos por mais recursos para o Ministério da Ciência e Tecnologia, já me comprometi inclusive com o ministro Marcos Pontes. Meu gabinete e meu tempo estão à disposição para que a gente possa enfrentar essa batalha”, disse o deputado.
Está nos planos do Ministério da Ciência e Tecnologia a realização de uma Conferência Nacional de Bioeconomia, mas a data do evento ainda não foi marcada.
Reportagem – Cláudio Ferreira
Edição – Roberto Seabra
Fonte: Agência Câmara de Notícias