01/10/2021 – 21:11
Will Shutter/Câmara dos Deputados
Reunião ouviu relatos de mulheres com endometriose
Especialistas ouvidos pelas comissões dos Direitos da Mulher e de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados afirmaram que é necessário aumentar o número de exames e de cirurgias para o tratamento da endometriose. O tema foi debatido em audiência pública nesta sexta-feira (1º).
Segundo Melissa Rosado, do Hospital Materno Infantil de Brasília, o tempo de espera até que a mulher com a doença consiga uma cirurgia pode ser de até 12 anos. A endometriose é quando o tecido que reveste o útero se multiplica fora do órgão, o que causa muitas dores.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) ressaltou que a falta de atendimento afeta várias jovens. “Parte destas mulheres, destas jovens, destas adolescentes que não conseguem frequentar a escola durante o período menstrual pode se dar em função da endometriose, dessa dor que não é reconhecida pelo outro porque ela não é visível, mas que é uma dor absolutamente intensa.”
Erika Kokay defendeu a análise imediata do projeto que propõe um programa de tratamento para a endometriose (PL 3246/21).
Cerca de 200 milhões de mulheres sofrem de endometriose no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Melissa Rosado afirma que quase 40% precisam faltar ao trabalho alguns dias para lidar com a dor. O tratamento geralmente é iniciado com anticoncepcionais.
O médico Alexandre Brandão Sé, especialista em endometriose, classificou a doença como crônica, hormônio-dependente e inflamatória. Segundo ele, a inflamação pode se generalizar e levar à infertilidade. Ele explicou que a ideia de que as cólicas melhoram com eventuais gestações não é verdadeira. Portanto, a mulher que tem cólicas fortes deve suspeitar da doença e buscar o diagnóstico.
Como os exames de ecografia especializados ou de ressonância são de difícil acesso, Alexandre defende que as mulheres com suspeita de endometriose comecem o tratamento mesmo sem esses exames. E que tenham acesso a equipes multidisciplinares.
Atendimento no SUS
Silvana Campos, que tem endometriose há sete anos, relatou histórias de descaso e discriminação com a doença no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Eu peço que o SUS olhe por todas as mulheres do Brasil. O que estão fazendo com a gente está matando a gente aos poucos. A gente precisa de ajuda, de socorro. Estão tirando os nossos direitos”, afirmou Silvana, que é representante da AMO Acalentar – Associação Ministério Nacional e Universal de Endometriose, Infertilidade e Dor Crônica do Brasil no DF.
Maria Helena Nogueira, também portadora da doença, pediu o fim da discriminação contra algumas drogas para tratamento, como as derivadas da cannabis, que auxiliam no alívio das dores. Ela representou o Movimento de Mulheres com Endometriose na reunião desta sexta-feira.
A audiência sobre o tema foi solicitada pelas deputadas Erika Kokay e Benedita da Silva (PT-RJ).
Reportagem – Sílvia Mugnatto
Edição – Pierre Triboli
Fonte: Agência Câmara de Notícias