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Debatedores sugerem medidas para combater o assédio sexual de jovens atletas

19/05/2022 – 17:41  

Billy Boss/Câmara dos Deputados

Montrimas defendeu a profissionalização dos “olheiros”

O silêncio das vítimas, que deixam de fazer denúncias com medo de perder oportunidades, é um dos entraves ao combate do assédio sexual a crianças e adolescentes no esporte.

Em audiência pública sobre o tema na Comissão do Esporte da Câmara nesta quinta-feira (19), os debatedores mostraram que providências como a disponibilização de canais de denúncias e a responsabilização das entidades esportivas podem melhorar a situação.

O ex-goleiro Alexandre Montrimas, que atuou por 20 anos e encerrou a carreira em 2015, já fez palestras em mais de 60 clubes sobre assédio sexual. Ele fala de uma situação recorrente: os “olheiros”, como são chamados os caçadores de talentos que param em cidades pequenas, escolhem os futuros atletas, e as famílias deixam os filhos irem atrás do sonho do sucesso, muitas vezes sem conhecer o histórico dessas pessoas.

Montrimas defende a profissionalização dos olheiros e é taxativo: segundo ele, não existe atleta ou ex-atleta que não tenha passado por uma situação de abuso.

Billy Boss/Câmara dos Deputados

Luciana Neder criticou a lentidão nas investigações

Pedofilia
Situações de assédio fizeram a atleta Luciana Neder fundar, há dois anos, a Comissão de Direitos das Mulheres no Jiu-Jitsu. Em menos de dois anos, a entidade recebeu 103 denúncias, sendo três de pedofilia. A comissão ampliou a atuação para outras artes marciais, e Luciana afirma que o silenciamento das vítimas também é provocado pela lentidão nas investigações.

“Quando as meninas fazem a denúncia, vão à delegacia, fazem o registro da ocorrência, há uma demora muito grande na solução desses casos. Então, esses treinadores continuam trabalhando e praticando seus crimes de assédio e violência. Enquanto isso, a mulher está afastada temporariamente e até para sempre do esporte”, relatou Luciana Nader.

Atletas invisibilizados
Para o representante do Conselho Federal de Psicologia, Rodrigo Acioli, é importante que as entidades esportivas contem com profissionais especializados para enfrentar a questão do assédio sexual. Ele ressalta que é preciso ter atenção não só com os atletas mais conhecidos, mas também com aqueles que treinam diariamente, mas não chegam às competições mais importantes.

“Esses também são atletas de grande preocupação, porque muitas vezes estão invisibilizados. Então, o acesso e o cuidado a eles às vezes se tornam um pouquinho mais difícil e às vezes não conseguem ter voz por não estarem nas grandes mídias, por não estarem nos pódios, então eles têm uma dificuldade maior de aparecer”, disse.

Billy Boss/Câmara dos Deputados

Deputado Roberto Alves, que pediu o debate sobre assédio no esporte

Esporte de base
A presidente do Grupo Ginástica Artística Paranaense, Márcia Bueno, pediu aos parlamentares apoio para dotar de mais estrutura os clubes de base, de onde normalmente saem os atletas profissionais. O deputado Roberto Alves (Republicanos-SP), que pediu a realização da audiência, respondeu.

“A preocupação dessa comissão é com os atletas brasileiros. Independente se ele é profissional, se está iniciando agora, se ele é de um pequeno clube ou se ele é da várzea. Enfim, a nossa preocupação é com o atleta brasileiro”, disse o deputado.

A procuradora Luísa Rodrigues apresentou ações do Ministério Público do Trabalho como uma campanha de esclarecimento sobre os direitos dos atletas adolescentes e encontros com as categorias de base dos clubes de futebol. Ela apontou a informação como uma ferramenta importante para combater a violação de direitos no esporte.

“Conscientização sobre o que é o assédio sexual e a importância da educação sexual de crianças e adolescentes, no sentido de que eles entendam e identifiquem as situações de abuso e violência”, disse. Ainda segundo ela, por mais difícil que possa parecer, essas crianças e adolescentes muitas vezes, por falta de informação, não entendem o que está acontecendo. “Ficam em dúvida se aquilo é errado ou não é; elas se sentem com culpa, com vergonha e com vergonha e medo de denunciar”.

Durante o debate, a representante do Conselho Federal de Educação Física, Elizabeth de Souza, divulgou um folheto chamado “Protegendo o Esporte Contra o Assédio e o Abuso”, produzido pelo Comitê Olímpico Brasileiro, que está disponível na internet. O conselho também recebe denúncias online de assédio sexual no endereço www.confef.org.br.

Reportagem – Cláudio Ferreira
Edição – Roberto Seabra

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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